sexta-feira, 12 de maio de 2017

12 de Maio - Dia Mundial da Fibromialgia



Hoje falo do meu outro lado: a Catarina portadora de fibromialgia. Para quem não sabe, fibromialgia é uma doença crónica e incapacitante [finalmente legislada como tal], cujos principais [e atrozes] sintomas são a dor e a fadiga constantes. Fui diagnosticada há cerca de dois anos, depois de muito, muito tempo sem saber o que se passava comigo. Comecei por ter dores insuportáveis e inexplicáveis nas costas, acompanhadas de um cansaço extremo que não me deixava fazer o menor esforço. Depois de muitos exames, queixas e consultas em várias frentes, disseram-me que só poderia ser fibromialgia, uma doença crónica, ou seja, teria de viver o resto da minha vida com dores e toda uma série de sintomas nada simpáticos. Viver o resto da vida com dores? Sentir-me cansada todos os dias, mesmo sem mover um dedo? Ter de mudar hábitos e adaptar rotinas à minha nova condição? Tudo me pareceu aterrador naquele momentos. Só tinha vontade de chorar, de maldizer a minha vida. Hoje sei que fui exagerada, que reagi segundo as emoções do momento.

Com o passar do tempo, fui aceitando. Fui encontrando formas de me adaptar. E mudei. Mudei de vida. Para melhor, por incrível que pareça. Percebi que, se queria ter uma qualidade de vida o melhor possível, tinha de mudar. Procurei ajuda nas terapias complementares. Comecei com Reiki. depois terapia sacro-craniana. E senti melhorias substanciais. Comecei a praticar Yoga e a meditar diariamente. Mudei a minha alimentação. Tornei-me vegetariana. Recomecei a escrever e a desenhar e a fazer todas as coisas que gosto. Continuo a exercer a minha profissão, mas num ambiente mais calmo e menos extenuante fisicamente.

No fundo, tive de me reinventar. Só tinha duas opções: entregar-me à doença ou enfrentá-la de frente. Se deixarmos, a fibromialgia facilmente toma conta de nós e dos nossos dias. A dor que provoca é tão forte e incapacitante, que é muito fácil sermos dominados por ela. E depois vêm as inseguranças, o medo, os comentários menos simpáticos. E quando damos por nós, estamos completamente aterrados e sem força para continuar. Digo isto pois já o senti na pele [e não é uma sensação nada agradável]. Mas se nos impusermos à doença, se conseguirmos controlá-la, se aprendermos a conhecer o nosso corpo e a respeitar os seus limites, se aprendermos a conhecer cada face das nossas dores, podemos viver de forma mais serena. E, hoje em dia, temos vários tipos de ajuda à disposição, além da medicina convencional. Reiki, Terapia Sacro-Craniana, Acupunctura, Yoga, Pilates, tudo isto nos ajuda a ter uma qualidade de vida melhor.

Se continuo a ter dores todos os dias? Continuo. Se continuo a sentir-me cansada a cada minuto? Nem imaginam como. Se há dias em que o desespero me assalta? Há. Mas aprendi a controlar isso da melhor forma que sei e posso. É um trabalho diário. Será um trabalho diário. E árduo. O segredo é não desistir, continuar em frente, atenuar o mal-estar com sorrisos e esperança, focar naquilo que me faz bem, lutar pelos sonhos e acreditar, acreditar sempre que o amanhã será melhor.

A todas e todos os portadores desta doença ingrata, deixo um abraço especial cheio de luz e força. Estamos juntos nesta luta.

A todas e todos os familiares e amigos de doentes com fibromialgia, peço que tenham um pouco de paciência e compreensão, que dêem abraços e mimos, que não se afastem, pois o vosso apoio é essencial.


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