quinta-feira, 17 de maio de 2018

Cansada de morrer de amor


Morrer de amor e ressuscitar, tantas vezes, cansa. Quebrar o coração e voltar a colá-lo cansa. E por maior que seja a minha fé e o meu optimismo e o meu acreditar que desta é que é, há dias em que acordo profundamente cansada, profundamente exausta, com o coração a meus pés e eu sem vontade de voltar a pegar-lhe ao colo. Morrer de amor é como morrer um bocadinho de verdade. Esmoreces, deixas-te cair, quebras-te em pedaços pequeninos. falta-te o ar e quase podes jurar que desta é que vais passar para o lado de lá. Mas nunca passas. Porque o morrer de amor necessita da tua vida para que possas aprender, para que sejas obrigado a retomar a tua forma e o teu caminho. Mas morrer de amor, tantas vezes, acaba por nos matar um bocadinho a alma. E deixa-nos cansados. E, a cada amor que morre dentro de nós, há uma faísca de fé que se apaga.

Hoje acordei profundamente cansada de morrer de amor. Cansada de ter de me reerguer a cada falhanço. Cansada de ter de fazer cara alegre para o amor que passa e não fica. Cansada de dizer que está tudo bem, que mais amor menos amor não faz diferença. Cansada de dizer que já passou, que estou pronta para outra, que venha o próximo [amor] e a próxima [desilusão]. No entanto, tal como as flores secas renascem na primavera, irei ressuscitar outra vez. Irei apanhar os cacos e colá-los com paciência e ternura. Irei recolocar o coração no seu devido lugar. Irei voltar a acreditar, uma e outra vez, até que todas as luzes se apaguem e não haja mais vidas para gastar. Porque talvez seja este dar em demasia, este amar desenfreadamente, este jogar todas as cartas e todas as emoções de uma só vez, este morrer de amor de forma contínua, que me mantém à superfície, que me dá sentido aos dias. Resta saber até quando a fé vai vencer o cansaço.

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